"Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza". (Boaventura de Souza Santos)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Método comportamental ajuda autistas



Método comportamental ajuda autistas
Entrevista Carlos França, Director do Centro ABCReal Portugal.
O 1.º Congresso Internacional sobre o Método ABA (Análise Comportamental Aplicada) está a decorrer, entre hoje e amanhã, em Lisboa . Trata-se de um método que ajuda a alterar comportamentos desadequados, como no caso do autismo. Já é usado, com sucesso, há cerca de 40 anos nos EUA, mas em Portugal ainda há um longo caminho a percorrer. O Director do Centro ABCReal, Carlos França, trouxe o método para Portugal e fala-nos das suas vantagens.

O que é o método ABA (Análise Comportamental Aplicada)?
O método está a ser desenvolvido nos EUA há cerca de 40 anos e o objectivo é trabalhar intensamente com uma criança que apresente problemas de desenvolvimento e comportamentais, como as crianças com autismo. Ocupa cerca de 40 horas por semana e a situação ideal é haver um técnico para cada criança. Nos EUA há certos casos que exigem até dois técnicos. Tal como o nome indica é um método de análise comportamental para transformar os comportamentos desadequados, de modo a que a criança ganhe capacidades para viver em sociedade. Por exemplo, um autista não consegue adaptar os seus comportamentos às mais variadas situações sociais.

Na prática são utilizadas várias ferramentas, como por exemplo ferramentas para ensinar as crianças a comunicar ou o PEC (um sistema de comunicação por figuras). Há muito a dizer sobre este método, mas devo realçar que cada criança tem um plano específico de actividades para cada semana e com objectivos concretos. A recolha de dados é sistemática, assim como a sua avaliação. Por exemplo, nos EUA há cenários bem idênticos à realidade para facilitar a alteração do comportamento.

Quem são os profissionais que aplicam o método?
Os programas são desenhados por professores e postos em prática por técnicos de reabilitação. Nos EUA há mesmo formação nesta área.

O método só se aplica a crianças com autismo?
O método aplica-se a todas as situações em que haja uma perturbação do desenvolvimento, inclusive em adultos que têm fobias, por exemplo.

Quem quiser recorrer a este método, onde pode pedir ajuda?
Neste momento ter-se-á de dirigir ao nosso site e contactar-nos. Há um técnico em Portugal que tem formação na área e que costuma ir a casa, já que em Portugal ainda não temos um sistema desenvolvido como nos EUA. A idade ideal para se começar a terapia é a partir dos 4 anos, para que se consiga ter grandes melhorias. Nos EUA chegam a começar com 18 meses. Aliás, há uma criança portuguesa que recorreu a este método e, hoje, está a transitar para o ensino regular normal.

Quais são as perspectivas futuras?
Estamos a trabalhar para que um dia o método seja praticado em mais pontos do país. Temos tido vários pedidos, a nível nacional, de pais desesperados que querem optar por este método.

Quais são as maiores dificuldades que terão de enfrentar?
O custo, sem dúvida. Não é fácil ter-se um técnico que dedica 40 horas semanais a uma criança. No centro estamos a cobrar o mínimo indispensável, mas mesmo assim não dá para todas as famílias.

O ideal seria o método ser aceite em Portugal por parte do Governo e que a Segurança Social pudesse comparticipar o tratamento. Seria também importante que uma universidade portuguesa pudesse dar formação nesta área. Neste momento temos o apoio de formadores dos EUA, mas seria importante termos técnicos portugueses a dar formação na área.

2009/06/18

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