"Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza". (Boaventura de Souza Santos)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Autismo: tratamento precoce traz benefícios

Um estudo pioneiro da Universidade de Washington publicado, na terça-feira
(1), na revista “Pediatrics” destacou a importância do tratamento precoce do autismo em bebês e traz informações valiosas para quem lida com esse problema. O estudo revela que bebês com transtornos do espectro autista podem ter ganhos de comunicação, de interação social e de QI quando submetidos a uma intervenção intensiva a partir dos 18 meses de idade.

A pesquisa envolveu 48 crianças com 18 a 30 meses, separadas em dois grupos. Um deles recebeu 20 horas de um tratamento chamado ESDM (Early Start Denver Model) e cinco horas de terapia aplicada pelos pais, por semana. O grupo de controle foi encaminhado para terapia em centros comunitários de Seattle (EUA). Ao fim dos dois anos de estudo, o QI das crianças do grupo submetido ao ESDM subiu, em média, 18 pontos, em comparação a 4 pontos entre as do grupo de controle. Sete crianças apresentaram uma melhora global significativa o bastante para que recebessem um diagnóstico mais leve.

Para o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do Projeto de Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o trabalho é original ao revelar eficiência em uma faixa etária infantil mais baixa. “Sabe-se que, quanto mais cedo se tem o diagnóstico, melhor, mas ninguém tinha feito um estudo grande assim.”

O médico defende o tratamento precoce “o mais urgente possível”. “É muito
mais barato investir quando a criança é pequena do que gastar bilhões com adultos e adolescentes, quando não se tem praticamente nada a fazer.”

Diagnóstico

Segundo o chefe do Departamento de Neurologia Infantil da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Luiz Celso Vilanova, nem sempre é possível, aos 18 meses, diagnosticar o autismo infantil. “Mas posso colocar no grupo de distúrbio invasivo do desenvolvimento (dificuldade
de interação social e de comunicação e um repertório restrito de interesses e atividades, como o autismo), quando a criança tem comprometimento de linguagem, de habilidades motoras e comportamentos repetitivos.

O diagnóstico depende ainda do acesso aos serviços de saúde. “Em famílias
mais ricas, tenho visto aos dois anos. Nas famílias de baixa renda, há casos de crianças de cinco anos sem diagnóstico, que terão muito menos ganhos do que se tivessem iniciado o trabalho antes.”

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