"Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza". (Boaventura de Souza Santos)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Autismo: sinais para agir rápido

Autismo: sinais para agir rápido

Um filho autista não pode ser isolado. Apoiar desde cedo pode desenvolver capacidades, apesar da perturbação não ter cura.

Fechados às emoções

Sem cura ou medicação específica, o autismo é uma das perturbações neurológicas mais complicadas. Só o apoio psicológico pode reabilitar algumas capacidades, como o convívio social e a autonomia nas tarefas básicas do dia-a-dia. Esta perturbação não pressupõe uma deficiência mental e muitos doentes têm um coeficiente de inteligência elevado.
Não se conhecem as causas, mas sabe-se que o autismo nasce com a criança. Em muitos casos, torna-se evidente antes dos 3 anos, se houver atraso na fala ou dificuldade em interagir com outras crianças. Os factores que podem estar relacionados são vários, desde a síndrome do X Frágil, uma anomalia caracterizada por atraso mental, face alongada e orelhas grandes ou salientes, à fenilcetonúria, incapacidade de metabolizar a fenilalanina. Uma infecção viral da mãe durante a gestação, como a rubéola, ou anomalias em certas funções cerebrais são outros factores ambientais que podem intervir.
Por vezes, o problema só é detectado quando a criança entra na escola, ao não interagir normalmente com os colegas. Até aos 5 anos, o comportamento autista acentua-se: não fala ou utiliza a “ecolália”, ou seja, repete palavras e frases. A linguagem pode surgir aos 5 e até aos 9 anos, mas não é utilizada para conversar e comunicar com sentido. Sem conseguir manifestar as suas necessidades, gritam ou arrancam dos outros o que querem.
No mundo das pessoas com autismo, tudo obedece a regras precisas e hábitos, dos horários à disposição do quarto. Podem também ter tiques e movimentos repetitivos, como rodar mãos e dedos. No casos mais graves, o toque de telefone ou de um tecido na pele podem ser insuportáveis.
Os autistas são sensíveis a certos sons, texturas, sabores e cheiros, mas podem não sentir dor.

Atenção aos sintomas

Até aos 15 meses:
não olha quando falam para ele;
não procura os adultos para o agarrarem;
demonstra desinteresse em partilhar objectos e actividades;
não age por imitação, como sorrir em resposta;
não acena “adeus”;
parece não ouvir quando o chamam;
não responde a pedidos verbais simples;
ausência das primeiras palavras, como “mamã” e “papá”.

Até aos 18 meses:
não aponta para partes do corpo;
continua sem dizer palavras;
não imagina, nem brinca ao “faz-de-conta”;
não aponta para objectos;
sem resposta quando lhe apontam objectos.
Até aos 2 anos:
ainda não utiliza frases com duas palavras;
não imita as actividades caseiras;
mostra desinteresse nas outras crianças.
Estimular capacidades
Identificar cedo o autismo permite planear a educação da criança e ajudar a família a estimular o seu potencial. O médico de família ou pediatra ajudam a descodificar preocupações de pais ou educadores em relação aos sintomas. Aqueles podem reencaminhar para consultas de desenvolvimento ou de pedopsiquiatria nos hospitais e alguns centros de saúde.
As terapias utilizadas procuram que a criança melhore a sua comunicação e as relações com os outros. As pessoas com autismo aprendem melhor por visualização e apreciam rotinas. É frequente ensinar-se o uso da comunicação por figuras, por exemplo. Planear e dividir as tarefas em sequência facilita a adaptação aos ambientes novos.

Entre os 2 e 4 anos, a intervenção tem melhores resultados na inteligência e linguagem e consegue prever problemas de saúde associados, como os do sono, alimentares e epilepsia.
Nos casos mais ligeiros, a escola é um estímulo importante, desde que o autista seja acompanhado com técnicos especializados. Para perturbações mais profundas, existem residências, onde se ensina um ofício, como culinária, tecelagem, jardinagem ou até música.

http://www.deco.proteste.pt/saude/autismo-sinais-para-agir-rapido-s526981.htm

2 comentários:

PDD-NOS (Menina) disse...

Ao ler este artigo, revi nitidamente a minha Bea, confesso que só aos 18 meses as minhas antenas me diziam para agir rápido que havia algo de errado.
Aos 22 meses inicio a intervensão precose nas Diferenças.
Tem valido a pena.

Mina disse...

È óptimo, que cada vez haja mais informação disponível, e que a intervenção possa ser feita em idades precoces...
bjocas