"Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza". (Boaventura de Souza Santos)

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Pai Natal Existe

A noite mais longa do ano é também a mais mágica. O momento em que as crianças acreditam que todos os seus desejos se irão realizar. Uma história que perpetua a esperança, o amor e o perdão. E assim deve continuar.
Por Pilar Diogo A criatividade, o imaginário são as ferramentas de base necessárias ao saudável crescimento das crianças. São os sonhos infantis, o nosso extraordinário mundo povoado de fadas, duendes, monstros, bruxas que nos fazem crescer, resolver conflitos interiores e que, mais tarde, nos permitem ter a capacidade de resolver problemas maiores. Daí que – a par do sentimento crítico e da capacidade de analisar o mundo, que devem ser estimulados nas crianças – alimentar esse universo de faz-de-conta, de magia, onde se inclui o Pai Natal, através de histórias contadas nas horas da confidencialidade, antes de dormir, entre aconchegos e beijos, não só é algo benéfico como indispensável. A imaginação permite-nos alargar os nossos horizontes e reduzir a angústia perante as situações de stress. As crianças vivem muito na realidade, um quotidiano por vezes até bastante agressivo, e muito pouco no sonho.
Existe uma função psicológica nesta figura na qual as crianças têm necessidade de acreditar, deleitando- -se com a visão de um velhinho de barbas, uma espécie de avô bondoso que não esquece ninguém, que tudo desculpa, rasgando os céus num trenó puxado por renas. Existe nesta figura o sentimento de esperança, de perdão, do renascer para um Eu melhor. Para Manuel Coutinho, psicólogo clínico, “actualmente o Pai Natal é um misto de uma sociedade que apela ao consumo e que tenta transmitir alguns valores de generosidade, mas fá-lo de maneira algo ilusória, porque em torno desta figura simpática que muito contribui para o imaginário das crianças, e de todos nós, pouco tem sido feito para a munir de valores reais, de autenticidade, de nobreza de sentimentos, de verdade em detrimento de uma atitude meramente comercial”. E às dúvidas daqueles pais que ainda se questionam se é benéfico os filhos acreditarem nesta figura, Manuel Coutinho responde que “é importante que as crianças possam fantasiar com esta figura. Povoar o imaginário dos mais pequenos é necessário, porque todas as histórias acabam por ter uma moral, uma lição. E a moral da história do Pai Natal é a de que nós estamos sempre a tempo de nos tornarmos melhores pessoas, que somos mais felizes se nos dermos aos outros, como fez São Nicolau. A criança tem de compreender que, se cumprir as normas, vai ser melhor para ela e ela vai ganhar – não bens materiais – com isso, transformar-se-á numa pessoa melhor, mais humana. O verdadeiro valor do Pai Natal tem de ser humanista. E este não é o momento do ajuste de contas, se os filhos tiveram más notas ou se portaram mal. “Não há um Pai Natal tirano, muito menos um Deus tirano. A dar, os pais devem dar sempre presentes. Nem sequer se devem confundir as coisas. Uma coisa são as notas, as avaliações, os desempenhos escolares; outra, são os afectos. Se os pais acham que as crianças não os merecem, então devem ajudá-las a merecê-los, e não o contrário”, afirma Manuel Coutinho. Mas frisando sempre que “as melhores ofertas não são as materiais, mas as dos valores, da amizade, do afecto, da solidariedade, da tolerância, da compreensão, do respeito e da generosidade... e essas não se transmitem só numa noite, mas todos os dias, durante uma vida, de geração em geração. Até porque não se ‘compram’ as crianças com bens materiais, cativam-se. É a interacção com os outros que é importante”. O Pai Natal restabelece o elo com o passado, com outros Natais, com a tradição e os rituais tão importantes nas famílias. Ele é um avô que, como refere o sociólogo Jacques Godbout em L’Esprit du Don (em colaboração com Alain Caillé, Éditions La Découverte), “restabelece a filiação, o elo com os antepassados que a sociedade moderna rompe constantemente. O Dom é uma cadeia temporal. Ele traz os presentes do universo e autoriza os pais, pela sua presença, a serem também filhos, pelo espaço de um momento”. A riqueza das recordações de infância não deixa ninguém indiferente, como diz Patrick Estrade, psicólogo e psicoterapeuta, formado pelo Instituto de Psicologia de Berlim, no seu livro Estas Recordações que nos Comandam (Bizâncio), “porque são o diário (...) do que vivemos. Um caderno um pouco particular, todavia, no sentido em que não retrata fielmente tudo o que vivemos mas retrata fielmente – demasiado fielmente por vezes – o que nos parece importante ter vivido”. E, quando não são a marca de acontecimentos terríveis e traumatizantes, “as recordações de infância são nichos afectivos extraordinários, fascinantes, surpreendentes de loucura, de inteligência, de ternura, de malícia. A vida aparece aqui em toda a sua simplicidade”. Por isso, vamos celebrar o maravilhoso, cuidar das nossas recordações, incutir os verdadeiros valores nas crianças, para que um dia possamos ouvir: “Mãe, lembras-te daquele Natal?”

Da ficção à realidade • O Pai Natal é a bondade personificada, a generosidade, o amor, tolerante. Tudo qualidades para dar como exemplo às crianças • Nas longas cartas redigidas ao Pai Natal, as crianças expressam os seus desejos mais profundos. Neste cenário particular, elas investem no sonho, na magia. E é isso que torna aquele pedido único • Quando a criança descobre a verdade, faz uma experiência de realidade, é uma ocasião emocionalmente forte para a criança, que aprende a destrinçar imaginário e real • A aquisição de autonomia afectiva permite-lhes afastar-se da magia, entrar na idade da razão • Quando a criança começa a questionar os pais sobre as atribuições do Pai Natal, os pais devem sempre, segundo Manuel Coutinho, responder cautelosamente com uma pergunta, não correndo o risco de dar informação nem a mais nem a menos: “Porque é que me estás a fazer essa pergunta?” E, aos poucos, devem ir adaptando o discurso às perguntas • Quando revelar a verdade, insista no facto de que se trata de uma história maravilhosa, em que você mesma acreditou, e os seus pais antes de você. E que assim deve ser perpetuado. E, sobretudo, que a magia do Natal está ligada ao prazer de estarmos juntos, de estarmos presentes na vida dos outros, e não só às prendas • Os pais não devem sentir-se deprimidos se as crianças ficarem decepcionadas porque não receberam tudo o que queriam. A frustração faz tanto parte da vida como o prazer e há que aprender a gerir isso. Quando se obtém tudo o que se deseja, como continuar a sonhar?

http://www.maxima.xl.pt/1208/fam/100.shtml

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O ENIGMA DO AUTISMO - NOTICIA ANTIGA JN

O enigma do autismo
Os autistas em Portugal podem ser mais de 65 mil. Muitos não foram diagnosticados nem tiveram o tratamento adequado.
2008-07-13
helena norte
Por razões ainda mal explicadas, a incidência desta perturbação do desenvolvimento - que pode variar de formas muito severas e incapacitantes até ligeiras ou de alto funcionamento - está a aumentar substancialmente, a ponto de, nos Estados Unidos, já se falar em epidemia de autismo.
É um mal misterioso. A ciência ainda não conhece cabalmente as causas nem é capaz de o curar. Em Portugal, não se sabe sequer quantos são, mas extrapolando as estatísticas internacionais, o número poderá rondar os 65 mil. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA actualizou a prevalência e estima que uma em cada 150 crianças nasça com uma perturbação do espectro de autismo, o que representa um aumento de cerca de 600% em três décadas. O aperfeiçoamento no diagnóstico pode ajudar a compreender este brutal aumento, mas os especialistas são incapazes de explicar totalmente o fenómeno.
Embora a palavra já tenha entrado no léxico comum, persistem muitos mitos e confusões a respeito do autismo. Até porque não há um autismo: há muitas e diversas formas de autismo que podem variar desde uma perturbação profunda (autismo clássico ou síndrome de Kanner) até ao autismo de elevado funcionamento (também designado de síndrome de Asperger).
Em comum, dificuldades na comunicação e na interacção social e padrões de comportamento repetitivos ou ritualísticos. Mas o grau de afectação nas várias áreas é muito diverso. Há autistas com grave défice cognitivo, que não têm qualquer grau de autonomia, e há outros que, à excepção de um ou outro traço considerado mais excêntrico, são perfeitamente funcionais.
"Há muitos que trabalham, em todo o tipo de profissões, alguns são professores universitários", explica Miguel Palha, pediatra do Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças e especialista nesta problemática. Os portadores de Asperger, que são detectados e estimulados precocemente, melhoram consideravelmente à medida que entram na juventude e idade adulta. Persistem, porém, alguns comportamentos disfuncionais, como a fixação nalguns assuntos, a rigidez e repetição das regras e dos hábitos ou a tendência para o isolamento social.
Um autista, por definição, vive no seu mundo e não procura o outro. Uma incapacidade que pode decorrer de alterações bioquímicas verificadas durante o período fetal, explica Edgar Pereira, psicólogo e professor da Universidade Lusófona. Não se sabe bem se por causas genéticas, virais ou químicas, a verdade é que o cérebro de um autista não funciona nos mesmos moldes do que os das outras pessoas.
Quem nasce autista, morre autista. O que não significa que não haja nada a fazer. O tratamento adequado pode fazer a diferença entre uma vida de dependência ou de relativa funcionalidade. E pode, acima de tudo, fazer uma grande diferença para as famílias que têm de cuidar destes doentes.
Os apoios são insuficientes e caros - só em terapias particulares, há famílias a gastar 700 a mil euros por mês, sem contar com as restantes despesas. O pior é quando tudo é "um falhanço absoluto", como conta Francisco Calheiros, pai de Henrique, um menino autista de 13 anos, que já passou por escolas públicas e terapias particulares. Mais do que os fracos progressos, este pai revolta-se contra as nódoas negras que o filho regularmente apresentava quando chegava da escola e da redução do número de professores de ensino especial.
No último ano lectivo, foram apoiados 500 alunos com perturbações do espectro do autismo, em 93 unidades de ensino estruturado com 187 docentes de ensino especial, de acordo com o Ministério da Educação. Embora a tendência seja para integrar mais crianças nessas unidade, a verdade é que muitos continuam sem apoio. Entre os 60 utentes da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA) do Norte, nenhum frequenta essas estruturas.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Autismo

O autismo resulta de uma perturbação no desenvolvimento do Sistema Nervoso, de início anterior ao nascimento, que afecta o funcionamento cerebral em diferentes áreas. A capacidade de interacção social e a capacidade de comunicação são algumas das funções mais afectadas. As pessoas com autismo têm, por isso, grande dificuldade, ou mesmo incapacidade, de comunicar, tanto de forma verbal como não verbal. Muitos autistas não têm mesmo linguagem verbal. Noutros casos o uso que fazem da linguagem é muito limitado e desadequado. No que respeita à comunicação não verbal, há uma marcada incapacidade na sua utilização ou, pelo menos, uma grande desadequação na expressão gestual e mímica facial. Paralelamente, as pessoas com autismo têm uma grande dificuldade na interpretação da linguagem, que passa, nomeadamente, pela dificuldade na compreensão da entoação da voz e da mímica dos outros com quem se relacionam. O isolamento social é, a par das dificuldades de linguagem, outra das características nucleares do autismo. O termo autismo refere-se a isto mesmo, derivado da palavra grega autos (próprio) traduz a ideia de “estar mergulhado em si próprio”. O isolamento social do autista pode ser extremo, de tal forma que este pode parecer não ver, ignorando ou afastando qualquer coisa que lhe chegue do exterior. As crianças autistas podem não reagir de forma a anteciparem os estímulos (v.g. não se defendem da mão que simula que lhes vai bater) e preferem brincar sozinhas. Outra particularidade comum no autismo é a insistência na repetição. Assim, as pessoas com autismo tendem a seguir rotinas, por vezes de forma extremamente rígida, ficando muito perturbadas quando qualquer acontecimento impede ou modifica essas rotinas. O balanceio do corpo, os gestos e sons repetitivos são comuns, sendo mais frequentes em situações de maior ansiedade. Finalmente, é de referir que a maioria dos autistas tem também deficiência mental, com níveis significativamente baixos de funcionamento intelectual e adaptativo. Cerca de 30% dos autistas pode sofrer ainda de epilepsia.
Sendo o autismo resultante de uma perturbação do desenvolvimento embrionário, pode afirmar-se que se nasce autista. Ainda assim, como não é possível o diagnóstico pré-natal do autismo, nem este se manifesta por quaisquer traços físicos, o seu diagnóstico não é, em princípio, possível ser feito nas primeiras semanas ou meses de vida. A perturbação da interacção social do bebé é geralmente o primeiro sinal que alerta para a hipótese de diagnóstico de autismo o qual, nos casos mais graves, pode chegar a ser identificado antes do ano de idade. Calcula-se que em Portugal, à semelhança do que acontece noutros países, existam cerca de 5 casos de autismo por cada 10000 habitantes, com uma prevalência nos rapazes cerca de quatro vezes superior à das raparigas.
A causa ou causas específicas do autismo são ainda desconhecidas. Sabe-se, contudo que tem uma base genética importante. Sobre esta determinante genética seriam acumulados factores adicionais (do meio interno e/ou da envolvente) que eventualmente poderiam levar ao autismo e que seguramente contribuem para a sua expressão. Está, por outro lado, bem demonstrado que factores como a relação mãe / bebé ou a educação, não determinam em nada o aparecimento do autismo.
O autismo é uma condição crónica e irreversível. Não há cura para o autismo nem medicação específica que modifique de forma consistente as perturbações básicas da comunicação ou da interacção social que o caracterizam. Não é mesmo de esperar que nos tempos mais próximos seja possível encontrar a cura ou prevenir de forma eficaz o autismo. Trata-se de uma perturbação global do funcionamento cerebral, que afecta numerosos sistemas e funções, eventualmente com múltiplas causas e que se expressa de formas bastante diversas. A descoberta de um denominador comum (se é que ele existe…), que se pudesse tratar ou prevenir é, por isso mesmo, muito difícil. Há contudo medicamentos que podem aliviar sintomas e alterações comportamentais associadas ao autismo. Da mesma forma pode verificar-se melhoria (ou agravamento) da expressão comportamental, em função do meio e de estratégias de reabilitação. A quase totalidade dos autistas será sempre incapaz de gerir de forma autónoma a sua pessoa e bens, pelo que necessitam, durante toda a vida, de estruturas sociais cuidadoras. Estas estruturas devem atender à natureza única de cada pessoa com autismo, criando condições que permitam a expressão máxima das capacidades individuais, ao mesmo tempo que a cuidam nas áreas de incapacidade.
Carlos Filipe
(Psiquiatra)
Telf.: 214858240
carlos.filipe@cadin.net

Aqui vai mais uma abordagem.
Penso que ainda há muito a fazer em termos de pesquisa.
É urgente encontrar respostas.
É urgente encontrar as causas.
É urgente para todas as crianças com autismo terem uma resposta adquada e atempada.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Como se Dirigir a uma pessoa com Autismo

Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2008

COMO SE DIRIGIR A UMA PESSOA COM AUTISMO

As pessoas com autismo são aparentemente normais e geralmente falam de forma correcta e compreensível. O problema é que elas elaboram a informação recebida de forma diferente e por isto, às vezes, não conseguem compreender completamente o que acontece ou lhe é dito. A sua aparente independência pode encobrir angustia, isolamento social e incapacidade de relacionamento social.

Por isso:

Não toque numa pessoa com autismo se não for necessário.
Explique o que vai fazer e comprove que foi compreendido antes de começar a fazê-lo.
Faça perguntas simples e claras.
Evite ironia, sarcasmo e não diga nada em sentido figurado nem faça comparações.
Dê mais tempo para pensar e compreender às pessoas com autismo.
Leve em consideração que uma pessoa com autismo que não o olha nos olhos não faz isso por ser mal-educado ou descortês.

É importante lembrar que a pessoa com autismo:

Pode ter um comportamento estranho ou inadequado.
Pode parecer distraído ou não reagir para nada.
Evita olhar nos olhos se estiver nervosa ou se sentir pressionada.
Pode reagir de forma desapropriada
Pode parecer que não trata os outros com tato.
Pode aparentar ser porfiado, cabeça dura ou estar bravo.
Pode aparentar ser muito meigo.
Geralmente não gosta de contacto físico.
Acha difícil entender a linguagem corporal.
Às vezes entende metáforas e provérbios de forma literal.
Pode usar uma linguagem formal, antiga / ultrapassada ou distinta.
Gosta de ter rotinas e regras fixas.
Tem “manias” ou interesses específicos.
Tem dificuldade em se pôr no lugar dos outros.

Informação importante para a polícia, assistentes sociais e outros que tenham que tratar de uma pessoa com autismo sem conhecê-la

Uma pessoa com autismo é sempre vulnerável seja ela vítima, testemunha ou suspeita. Problemas de comunicação, na interacção ou interpretação podem levá-lo a situações de conflito e angustiá-lo se o seu comportamento não é bem entendido. Consulte um especialista para que a pessoa com autismo seja bem atendida. Na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (ICD10) da Organização Mundial da Saúde, o autismo, o distúrbio de Asperger e o PDD-NOS, são classificados como um distúrbio mental e de conduta. Se você acha que o seu cliente/testemunha/preso tem autismo, peça um relatório psiquiátrico para procedimento judicial.Informação sobre autismo: www.autisme.nl ou www.landelijknetwerkautisme.nl
Postado por Mário Relvas às Sexta-feira, Dezembro 12, 2008
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Autismo: sinais para agir rápido

Autismo: sinais para agir rápido

Um filho autista não pode ser isolado. Apoiar desde cedo pode desenvolver capacidades, apesar da perturbação não ter cura.

Fechados às emoções

Sem cura ou medicação específica, o autismo é uma das perturbações neurológicas mais complicadas. Só o apoio psicológico pode reabilitar algumas capacidades, como o convívio social e a autonomia nas tarefas básicas do dia-a-dia. Esta perturbação não pressupõe uma deficiência mental e muitos doentes têm um coeficiente de inteligência elevado.
Não se conhecem as causas, mas sabe-se que o autismo nasce com a criança. Em muitos casos, torna-se evidente antes dos 3 anos, se houver atraso na fala ou dificuldade em interagir com outras crianças. Os factores que podem estar relacionados são vários, desde a síndrome do X Frágil, uma anomalia caracterizada por atraso mental, face alongada e orelhas grandes ou salientes, à fenilcetonúria, incapacidade de metabolizar a fenilalanina. Uma infecção viral da mãe durante a gestação, como a rubéola, ou anomalias em certas funções cerebrais são outros factores ambientais que podem intervir.
Por vezes, o problema só é detectado quando a criança entra na escola, ao não interagir normalmente com os colegas. Até aos 5 anos, o comportamento autista acentua-se: não fala ou utiliza a “ecolália”, ou seja, repete palavras e frases. A linguagem pode surgir aos 5 e até aos 9 anos, mas não é utilizada para conversar e comunicar com sentido. Sem conseguir manifestar as suas necessidades, gritam ou arrancam dos outros o que querem.
No mundo das pessoas com autismo, tudo obedece a regras precisas e hábitos, dos horários à disposição do quarto. Podem também ter tiques e movimentos repetitivos, como rodar mãos e dedos. No casos mais graves, o toque de telefone ou de um tecido na pele podem ser insuportáveis.
Os autistas são sensíveis a certos sons, texturas, sabores e cheiros, mas podem não sentir dor.

Atenção aos sintomas

Até aos 15 meses:
não olha quando falam para ele;
não procura os adultos para o agarrarem;
demonstra desinteresse em partilhar objectos e actividades;
não age por imitação, como sorrir em resposta;
não acena “adeus”;
parece não ouvir quando o chamam;
não responde a pedidos verbais simples;
ausência das primeiras palavras, como “mamã” e “papá”.

Até aos 18 meses:
não aponta para partes do corpo;
continua sem dizer palavras;
não imagina, nem brinca ao “faz-de-conta”;
não aponta para objectos;
sem resposta quando lhe apontam objectos.
Até aos 2 anos:
ainda não utiliza frases com duas palavras;
não imita as actividades caseiras;
mostra desinteresse nas outras crianças.
Estimular capacidades
Identificar cedo o autismo permite planear a educação da criança e ajudar a família a estimular o seu potencial. O médico de família ou pediatra ajudam a descodificar preocupações de pais ou educadores em relação aos sintomas. Aqueles podem reencaminhar para consultas de desenvolvimento ou de pedopsiquiatria nos hospitais e alguns centros de saúde.
As terapias utilizadas procuram que a criança melhore a sua comunicação e as relações com os outros. As pessoas com autismo aprendem melhor por visualização e apreciam rotinas. É frequente ensinar-se o uso da comunicação por figuras, por exemplo. Planear e dividir as tarefas em sequência facilita a adaptação aos ambientes novos.

Entre os 2 e 4 anos, a intervenção tem melhores resultados na inteligência e linguagem e consegue prever problemas de saúde associados, como os do sono, alimentares e epilepsia.
Nos casos mais ligeiros, a escola é um estímulo importante, desde que o autista seja acompanhado com técnicos especializados. Para perturbações mais profundas, existem residências, onde se ensina um ofício, como culinária, tecelagem, jardinagem ou até música.

http://www.deco.proteste.pt/saude/autismo-sinais-para-agir-rapido-s526981.htm