"Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza". (Boaventura de Souza Santos)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cientistas tentam desenvolver pílula contra o autismo

RIO - Pesquisadores do Instituto da Mente, da Universidade da Califórnia, entre outros cientistas, estão tentando desenvolver uma pílula para aliviar sintomas de uma doença genética chamada síndrome do cromossomo X frágil, a causa herdada mais comum de atraso mental e uma das formas conhecidas de autismo.

Só nos Estados Unidos, estima-se que cem mil americanos sofrem dessa síndrome, e as indústrias farmacêuticas investem na pesquisa do novo medicamento.

- Estamos entrando numa nova era, a de reverter a deficiência intelectual - afirma o cientista Randi Hagerman, diretor do Instituto da Mente.

A síndrome X frágil, mais comum em homens que mulheres, pode causar desde dificuldade de aprendizado a um problema cognitivo mais grave, além de dificuldades emocionais e de comportamento. O defeito genético interrompe uma das bases da aprendizagem: a forma como as células respondem a experiências formando conexões entre elas, as chamadas sinapses.

Nas pessoas com a síndrome, a sinapse não está danificada, mas é muito imatura para funcionar corretamente.

- O processo de aprender nessas pessoas é muito mais difícil, mas não impossível, porque a sinapse não apresenta um defeito importante - disse o pesquisador Stephen Warren, especialista em genética na Universidade de Emory, que descobriu o gene alterado do X frágil.

Drogas experimentais, chamadas mGluR5 antagonistas, tentam fazer com que o cérebro se ajuste simplesmente bloqueando um receptor que tem papel importante nas sinapses debilitadas. O objetivo é reforçá-las para tornar o aprendizado mais fácil e o comportamento próximo ao normal. Esses estudos são preliminares e foram iniciados em adultos para descobrir possíveis efeitos secundários. Se esse fármacos funcionarem, qualquer ação será maior nos cérebros de crianças.

- Os cientistas estão seguindo de perto essas experiências porque apontam um caminho promissor para resolver também alguns tipos de autismo - disse a doutora Andrea Beckel-Mitchener, do Instituto Nacional de Saúde Mental. - A organização, junto ao grupo Fraxa, que representa pacientes, ajudou a financiar a investigação.

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