"Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza". (Boaventura de Souza Santos)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Crianças que ressonam podem estar deprimidas

A investigação constatou que os menores que emitem este tipo de ruídos nocturnos de forma habitual denotam mais sintomas de alterações de ânimo, além de um maior número de problemas de linguagem e atenção do que os seus congéneres que dormem “em silêncio”.

O ronco produz-se pela obstrução no fluxo de ar através da boca e do nariz. O som deve-se aos tecidos da parte superior das vias respiratórias, que chocam entre si e vibram.

Evea Aroren, do Hospital Central Universitário de Helsínquia, é a responsável pelo novo trabalho, que faz parte de uma investigação mais vasta conhecida como “Problemas Infantis de Sono”, na qual participaram 2.100 menores de Helsínquia, com idades compreendidas entre um e seis anos.

O trabalho foi publicado recentemente no “Journal of American Academy of Child & Adolescent” e divulgado no sítio online do jornal espanhol “El Mundo”.

Os investigadores avaliaram 43 crianças de seis anos, do ensino pré-escolar, e cujos pais confirmaram que os seus filhos ressonavam pelo menos uma ou duas vezes por semana – e compararam-nas com outros 46 menores que não tinham este problema.

Os progenitores preencheram o Questionário de Comportamento Infantil, e os miúdos foram avaliados através de outros testes, que mediram aspectos relacionados com a atenção, a inteligência, as aptidões linguísticas, as funções sensomotoras, a memória e a aprendizagem.

Os dados mostraram que 22% das crianças que ressonavam contra 11% das que não o faziam padeciam de sintomas relacionados com alterações de ânimo, especialmente depressões e ansiedade, e suficientemente graves para necessitarem de uma avaliação clínica.

No entanto, esta não é a primeira investigação que dá conta da relação entre danos cognitivos e roncos.

«Recentemente foi publicado um estudo com crianças entre os cinco e os dez anos onde se constata que as que ressonam têm menos atenção, pior rendimento, menos coeficiente intelectual e dificuldades de memória, em comparação com as que não ressonam. Não obstante, há que distinguir entre o ressonar ‘simples’ e o ‘habitual’», referiu Gonzalo Pin Arboledas, director da Unidade Valência do Sono do Hospital Quirón, entrevistado pelo “El Mundo”.

As provas sobre função cerebral realizadas às crianças participantes revelaram também diferenças significativas entre os miúdos que “resfolegam” e os que não o fazem: os primeiros terão menos aptidões linguísticas e níveis mais baixos de atenção do que os segundos.

Os investigadores finlandeses esperavam «encontrar certos problemas de comportamento nestas crianças, como agressividade, mas tal não aconteceu», revelaram, referindo a sua surpresa perante esse facto.

Pelo contrário, constataram que os miúdos que ressonavam tinham mais possibilidades de sofrer de problemas como dificuldade em conciliar o sono, pesadelos ou falar durante o sono.

Dado o impacto do ressonar na saúde mental e no desenvolvimento das crianças em idade pré-escolar, «os pediatras e outros profissionais devem indagar se os seus pacientes têm problemas de sono. E em caso afirmativo devem intervir», consideram os investigadores do Hospital Central Universitário de Helsínquia.


2009-04-30
http://www.sbsi.pt/sams/sams.asp?temaId=77&root=SAMS&url=/include/noticiaDetail.asp&id=4683

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